sábado, julho 28, 2012

Como um amor proviciano

Inocente, achei que serias meu assim tão fácil. Usei todos os truques que pude, de todas as minhas artimanhas eu me apossei, mas não, isso não foi suficiente. Até porque no final quem não quis mais, fui eu. Você sabe, não era possível que juntos estivéssemos, porém, mesmo depois de tudo o que eu lhe disse, tu és como cão que não larga do osso. Não compreendes. Não pense que eu não desejei-te, que não cogitei estar ao seu lado, mas peço-lhe: compreenda-me. A gravidade da situação era maior do que eu sou capaz de aceitar, de suportar. Não estou psicologicamente preparada para ti, bem sabes. Quem escapou fui eu. Eu fiquei boba com as suas palavras, elas são encantadoramente encantadoras, eu fiquei assustada com o rumo que a situação estava tomando e por isso, talvez, tenha sido tão rude contigo, rude com alguém que só soube ser doce. Eu me arrependo de não ter aproveitado uma das mais inusitadas situações que o Destino me apresentou.

I'm a bird

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Eu sou um pássaro fragilizado;
Sinto que minhas forças estão se esvaindo, focadas em manter aparências e deixando-me na mão quando realmente preciso dessa energia vital.

Eu sou um pássaro aprisionado;
Sinto que minha liberdade se foi, perdi-a em um deslize qualquer, em uma falha qualquer. Minhas possibilidades tornarem-se zero.

Eu sou um pássaro faminto;
Sinto fome de amor, estou sedento de alegria.

Eu sou um pássaro carente;
Sou a força dos abraços, sou a intensidade dos beijos. Sinto falta de companhia, sinto falta da atenção que antes me era destinada.

Eu sou um pássaro confuso;
Sou um qualquer sem direção. Sou um vento austral que teima em ser direcionado para o Norte. Sou uma brisa qualquer que navega sem direção, que corre o mundo e não encontra seu lar.

Por fim...
Eu sou um pássaro esperançoso;
Sinto que tudo está prestes a mudar. Que pensamentos maus se afastarão e que o amor deve se aproximar.

Eu sou um pássaro!

segunda-feira, julho 23, 2012

(Antigos amores podem ressurgir)

     E será que os antigos amores podem, por fim, ressurgir? Acreditem, eles podem. Sou a prova viva de que esse fantasminhas podem nos atormentar novamente em datas futuras. Aplicando a palavra atormentar em sentido totalmente figurado, lógico. 
     
     Sempre caio nessa armadilha do destino. E ele, novamente, arma pra mim. Não aprendo, me deixo levar, acabo caindo de amores por quem, muitas vezes, mal pensa em mim. Maltrato meu coração, faço-o ter contrações ventriculares prematuras, relembro tudo o que um dia já foi dito e caio novamente nas mesmas redes, nos antigos braços, nos conhecidos abraços. 

     Sim, essa é mais uma das paixões que meu coração terá de suportar, terá de se recuperar. 

     Mas quer saber? Vai que dá certo? As chances nos são oferecidas para que possamos decidir (e, por vezes, testar) o que nos fará bem, e se me faz bem, porque privar-me? "Se te faz sorrir, arrisque as tuas lágrimas". E sim, eu deveria fazer isso com uma maior frequência. 

     Aquelas brincadeiras antigas, hoje inexistem. Mas aquele sentimento que tínhamos, pode voltar a existir. Não pode? Não sou só eu que lhe digo, bem sabes, e portanto, creio que deves considerar, 

     Palavras desconexas não se organizaram nas linhas desse texto, e em meu coração, as coisas continuam confusas. Pontos de interrogação flutuantes aparecem-me aos olhos com frequência absurda. Espero que dessa vez, nada nos atrapalhe, nada nos interrompa. Que possamos nos dar ao direito de levar em frente algo que ficou inacabado naquele passado já distante. Que, agora, consigamos dizer um ao outro o que sentimos e sentíamos. E que, enfim, tenhamos como viver algo que possivelmente será inesquecível. 

     Você mudou, eu também mudei. Mas... ainda parece que conheço sua alma, ainda parece que suas palavras aquecem meu peito e fazem meu coração bater em ritmo diferente. Sua voz? Ah, está mudada, claro, mas melhorada, demonstrando toda a força de sua personalidade. Sua inexperiência me fascina e aumenta meu respeito por ti, fazendo essa fagulha crescer dentro de mim e tomar tamanhos incríveis. E, ah, que boba sou, mas sua inteligência desperta em mim uma enorme vontade de conversar. É, conversar! Tanto que gosto, tanto que podes me oferecer. 

     Mas, eu imploro, Senhor, se não for pra ser pra sempre, não me deixe entrar em mais essa ilusão. 

sábado, julho 21, 2012

Crônica de amor (Arnaldo Jabor)

Ninguém AMA outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que lhe provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco... Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e mesmo assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão dele toca sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama esse cara? Não pergunte para mim, você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Cohen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica tem seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, porque está sem um amor? Ah, o amor, essa raposa! Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos têm as pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso!