sábado, agosto 04, 2018

Sobre a falta que faz.

A temperatura lá fora é de 13ºC. Aqui dentro do quarto, o aquecedor faz barulho quase ronronando. É madrugada, como sempre quando me surgem às palavras...
Porém, dentro de mim, sinto frio. Sinto falta. Sinto ausência. 
É tanta coisa que não se faz presente... Falta paz, falta carinho, falta atenção, falta afeto, falta alguém que desperte tesão e me faça sorrir largamente pro mundo, mais uma vez.
Falta alguém que faça o tempo ser meramente um número, que me diga que não importa a hora, que desfaça o clima emburrado que se vê fora dessas paredes, que torne o vento uma carícia, que me eleve e faça ser sublime cada momento compartilhado. 
Falta sentimento que seja recíproco, plano que seja compartilhado, sorriso que seja multiplicado, abraço apertado, beijo molhado, carinho não contido. 
Falta paz, falta alguém que cale qualquer dúvida que eu venha a ter sobre mim, minha sanidade, meus credos, meu corpo, meus limites e minhas extravagâncias. 
Falta alguém que desnude a minha alma, e não apenas meu corpo. Buscando mais do que uma noite de calor, mas alguém que queira dividir ansiedades e medos. Falta alguém que, para além da minha roupa, queira arrancar gargalhadas, daquelas de dor a barriga de tanto rir... 
Falta tanta coisa... Falta tanto. 
Faz falta. 
Faz falta ter alguém que esteja presente em pequenos momentos, pequenas conquistas. Faz falta ter para quem mandar aquela frase romântica que encontro nos poucos livros que ando lendo. Faz falta ter para quem mandar aquela música incrível que o Spotify me apresentou. 
Faz falta ter com quem compartilhar histórias engraçadas, de rir das noitadas que a vizinha tem. 
Faz falta ter com quem implicar porque o cabelo está muito comprido ou desgrenhado, porque a barba está precisando ser aparada, ou a unha precisando ser cortada. 
Faz falta cuidar de alguém, ter com quem se importar.... Aquele "tá tudo bem com você?" logo cedo... E poder responder que só um abraço curaria essa tristeza. 
Faz falta ser mulher ao lado de alguém, ser desejada, querida, ser de alguém. 
Faz falta... E ainda há de fazer por um tempo. 
Porquê antes de tudo, é preciso aprender a não sentir tanta falta de uma segunda pessoa, e aprender a suprir a própria ausência. Se amar. Ser una. 
Ser menina, ser moça e ser mulher. Saber ser! Ser boa para si para saber ser boa para alguém e parar de machucar os corações alheios. 

quinta-feira, julho 19, 2018

Sobre os imprevistos no amar

Queria tanto poder chegar aqui e escrever um conto enorme sobre como o amor é incrível, sobre como as pessoas se reencontram em seus amados, sobre como é divertido conquistar e cuidar de alguém para que permaneça ao seu lado... 
Mas, ultimamente, não tenho tido tais experiências. 
Venho aqui recordando, saudosamente, os meados de 2013 e 2014, onde de tanto amar ou de tanto querer amar, eu transbordava boas palavras que se transcreviam em histórias incríveis. 
Hoje, eu chego aqui com mais desejos, mais anseios... e não sei até que ponto isso é bom. 
Criei algumas expectativas e idealizações no que diz respeito ao "amar" e não me vejo mais agindo da forma como fazia há 4 anos atrás... Não me vejo correndo atrás de qualquer fiapo de afeto. Isso é bom? Pode-se considerar que sim. Aprendi a valorizar o meu amor e o meu amado, de certo modo. Aprendi que toda essa intensidade que eu tenho o prazer de viver, que esse sentimentalismo clichê que me habita, não deve ser destinado a qualquer um. Mas, o tão esperado "um" hesita em dar as caras. 
No início do outono aqui no hemisfério sul, pensei ter sido agraciada por alguém que poderia me acompanhar numa jornada incrível e acabei descobrindo nele apenas um reflexo das minhas piores partes. Alguém que ilude, que demonstra conhecimento para despertar inveja, alguém que estende a mão e a retira tão rápido quanto decidiu oferecê-la, alguém que encanta por prazer e não por gentileza, alguém que me fez querer e depois fugiu. 
Vejo isso de uma forma muito crua, agora... quiçá nua. Num pleno ato de despir minha alma de todos os meus pudores, bater no peito e assumir todas as minhas fraquezas: eu sou uma babaca. 
Babaca no nível de desperdiçar afeto e carinho de quem realmente quis me dedicar tais bons sentimentos. Babaca no nível de acreditar que era superior ao que queriam me oferecer. Babaca no nível de só perceber toda essa confusão agora, depois de sonhar com o bendito que me fez sentir pterodáctilos do estômago para depois extingui-los tão breve quanto nasceram. 
Talvez, esta seja a mais pura definição e aplicação do nosso tão conhecido Karma e que eu precise vivenciar disso para aprender mais sobre como amar e ser amada. Talvez seja só o destino me mostrando que eu não preciso de babacas assim vivendo perto de mim. 
E, seria muito mais plausível, que fosse só a minha carência falando mais alto e me mostrando o quanto eu preciso, urgentemente, de um amor pra chamar de meu. 

quinta-feira, abril 19, 2018

Sobre meu jeito de amar

é engraçado escrever algo do gênero aqui.
e é engraçado que eu sinta essa vontade absurda de abrir mão da minha tão querida boa redação padrão e escrever aqui assim... como se fosse um diário mesmo.
porque, ao meu ver, é o que isso se transformou.
e, analisando tudo o que já escrevi por aqui, dá pra saber que eu amo de jeitos bem aleatórios.
a bola da vez, entretanto, é: sintonia, carinho, atenção.
um combo mágico que, se bem executado, gera borboletas no estômago, sorrisos bobos no decorrer do dia, um papo mágico e uma paixão de minuto. (que, se cultivada, tem muito potencial para ser amor).
e aí, me pego pensando se: as pessoas não querem amar? não querem atenção? não me querem?
tantas injunções e nenhuma resposta.
eu quebro continuamente as minhas promessas em prol de bons momentos e acabo aqui, ansiosa, lamurienta e com a gastrite a toda.
sim, essa sou eu. eu sou intensa! eu quero viver, amar, sorrir, dar atenção, ter atenção, ser feliz e ter prazer, tudo ao mesmo tempo e em um fôlego só.
é errado amar assim?
é errado querer tudo pra ontem? querer que as coisas sejam resolvidas por decreto, como na sugestão de Leminski?
novamente, tantas injunções e tão poucas respostas.
minha mente começa a fazer barulho demais e eu não vejo um meio de calá-la.
e continuo, em meio a todo esse barulho, querendo mais intensidade, mais força e mais entrega.
é difícil se entregar?
eu não sei fazer de outro jeito.
me perdoa.

sábado, março 24, 2018

Sobre o fim de certos ciclos

passava das três da manhã quando o visor do celular se iluminou e logo o aparelho começou a vibrar.
tinha teu nome na tela. teu nome e o emoji que caracterizava e tornava teu contato especial.
diferente.
eu ignorei.
passados apenas alguns segundos, o aparelho voltou a se iluminar e a vibrar.
novamente, eu ignorei.
estava me tornando cada vez melhor em ignorar tua existência e tua presença na minha vida.
eu nunca soube qual era o motivo daquelas ligações na madrugada.
nunca soube pois perdi o interesse em te perguntar ou em tentar descobrir que fim tínhamos levado.
não teve fim;
porque não teve começo.
mas teve sentimento. teve o "dito pelo não dito". teve paz e abrigo.
só não teve consideração, respeito, amor.
não o suficiente.
e foi por isso que deixou de ser, tão breve quanto pôde.
foi  por isso que meu coração escolheu não te amar mais. te deixar livre pra viver teu mundo e aproveitar de quantas pessoas tu bem quisesse.
e para que eu pudesse viver também.
não fui nobre e altruísta nessa decisão.
hoje, me importo mais comigo do que contigo.
me importo mais com o meu bem estar do que com o seu, coisa que deveria ter feito meses atrás.
mas só hoje, semanas depois do nosso ultimo encontro (o derradeiro desencontro) é que me permito dizer isso aqui.
hoje eu  me permito dizer "estar livre" de ti. te entender enquanto amigo, apenas. conhecido, eu diria.
um que passou por mim e não mereceu ficar, como eu andei dizendo por aí.
você não mereceu ficar e sabes muito bem o por quê.

agradeço pelos sorrisos e pelos risos, mas é aqui que terminamos essa história.
é aqui que coloco este livro na prateleira, sem nenhum marca página e com a lombada voltada para trás, para não cair em nenhum tipo de tentação e voltar a lê-lo.
tais palavras mais feriram do que curaram. salgaram-me a face com as lágrimas. entristeceram meu sorriso, sempre tão vibrante.
tais palavras farão para sempre parte da minha história. no passado.
mas, agora, "ou tem o hoje, ou tem o amanhã, o ontem não é uma possibilidade".

adeus.



(e é assim, com uma métrica totalmente diferente de tudo o que estou habituada a escrever, que publico esta postagem. breve, densa, e real. aqui, findou um amor. aqui, findaram três anos de tentativas. aqui, uma parte da autora morre para dar espaço à um novo alguém.)

seja bem vindo, meu amado outono! que sempre possas trazer minhas palavras e minhas inspirações em teus ventos. ♥