quarta-feira, janeiro 04, 2012

Via láctea, 22 de Maio.

 Querido,                  .


   Ando com saudades de ti, o que não é nenhuma novidade. Antes de que tu tivesse ido, eu já me sentia oca, tamanha era a tua ausência. Tão longe, mas tão perto. Nossos corpos estão distantes, mas nossas almas estão cada vez mais próximas. São contradições que só se aplicam a nós, meu príncipe. 
   Será que eu te alcançaria com apenas um sorriso? Um daqueles meus sorrisos de quando eu te via virando a esquina, chegando na minha casa. Ou será que com os braços abertos em um abraço eu me aproximaria de ti? Abraços sempre foram o nosso forte. Abraços fortes, por sinal. É o que mais amo em nós, bem sabes. 
   Meu amor, já pedi para as estrelas para que elas te trouxessem pra mim, mas elas não quiseram atender aos meus pedidos, sequer ouviram-me. Se elas tivessem ouvido-me, tu estarias aqui, bem ao meu lado, no meio de um abraço, para nunca mais soltar. A tua alma ficou comigo, meu anjo, a minha se foi contigo. Você sabe que se dependesse de mim e do meu enorme egoísmo, eu jamais teria deixado que fostes. Arrependo-me de não ter seguido o meu instinto passional, de não ter impedido a tua partida. Seria muito individualismo da minha parte, mas é como se tu tivesses levado o meu coração contigo, deixando um enorme vazio dentro de mim. Um vazio que, posteriormente, foi preenchido por saudade. 
   Se eu pudesse, eu te pegaria pra mim. Traria você pro meu lado e te faria seguir as minhas regras, jogar o meu jogo, dançar conforme a minha música. Tu és o meu anseio, meu maior desejo. Minha saudade, minha maior ausência. Meu piadista favorito. Meu amante. Depois que você saiu do meu lado, minha vida se tornou expectativa. Quando vens mesmo? 
   Sinto saudades suas, e esse sentimento me corrói, me deixa ácida, me contradiz. Amo-te e vejo-me sem ti. Machuca, não tens noção do quanto. 


   Meu amor, larga tudo e vem viver comigo. Te faço brigadeiro e bolo de chocolate. E se tu me disser que aceita, amar-te-ei até que os meus olhos se fechem para não mais abrirem-se. 
   Então vem. Esperas por o que? A saudade está demais, o peito já é pouco pra tanta dor. Me faz feliz de novo, complete-me novamente. Vem, meu anjo. 


Da tua cúmplice
Alice.

Pauta para a 73ª Edição Cartas do Projeto Bloínquês,

Um comentário:

Isabela Conci disse...

Maravilhoso!
não precisa dizer mais nada.

Postar um comentário