Meu corpo nunca recebeu tanta dopamina quanto quando estivemos juntos. Havia uma coisinha ali que sempre me fez acreditar que iriamos além do que realmente podíamos. Que superaríamos limites de lógica e de física... Impossível explicar com exatidão. Ainda mais agora, passados 365 dias do fim.
Um ano após o meu caso mais vertiginoso. Altos muito altos e baixos muito baixos. Relativismos a parte, soubemos fazer dar certo.
Mas quando abandonou-se esse objetivo de "fazer dar certo juntos", essa foi, com toda a certeza do mundo, a queda mais vertiginosa que sofri. O fel mais amargo, o limão mais azedo, o café mais amargo. E ainda deixando as sinestesias a parte, acredito que esse tenha sido um dos piores momentos pro meu psicológico.
Foi um tombo. Já havia tido uma queda, quase que antes do princípio de tudo, contudo, não posso nem compará-la a esse último tombo. Que de fato, acabou mostrando não ser o último. Porque quando enfio algo na cabeça, não tiro de lá tão cedo. Após cair, continuei chafurdando em humilhação, tentando trazer pra perto alguém que se afastou por desejo próprio e que em momento nenhum disse ter se arrependido, mesmo em meio a declarações mais do que óbvias pela parte que me diz respeito.
E de fato, hoje penso e não sinto mais vergonha, não sinto arrependimento pelo que foi dito.
Só sinto um remorso enorme por ter me privado de novas histórias por me ligar a você, naquele tempo. Hoje, após mais de três centenas de dias decorridos do fim que não foi um fim, propriamente dito, sinto que já me desliguei da figura, do homem. Apenas sinto uma solidão do sentimento, uma nostalgia aguda em certos momentos que me lembram os que vivi naquele tempo. Um tempo que foi inegavelmente bom e curto, mas que findou por razões que ainda vão além do meu entendimento, razões que não possuem certo cabimento em mim.
Eu entendi que não devo questionar. E, de fato, creio que não o faço mais. Sinto o estrito, o inegável... um cheiro aqui e ali, uma presença acolá, uma saudade escondidinha e disfarçada - que não admito, mas se faz presente nas madrugadas insones. Malditas sejam.
Isso de viver estórias mal-resolvidas é mais intrínseco a mim do que muita coisa que se vê pela casca. Mais frequente do que eu jamais poderia desejar e mais doloroso do que ousaria um inimigo querer.
É intrínseco a mim também esse disfarce, essa indiferença mal feita que meu rosto exibe por aí. Mas depois desses 365 dias, acho que consigo dizer que os dias nem sempre são iguais depois de ti. Existem dias de leveza, de sensação de livramento e liberdade. Assim como existem os de culpa e solidão, saudades e afins. Para o primeiro, existem os amigos. Para o segundo, existem os travesseiros - e amigos também, quando me falha a vergonha e liberto minha trava para o assunto.
Hoje, um ano depois, o que eu espero é poder parar de escrever sobre você. Nesse aniversário da tua ausência, eu gostaria de pedir que essa saudade fosse bater em outra porta, fazer morada em outro paradeiro. Porque aqui ela já marcou presença, se fez sentida e causou estrago. Eu apago as velinhas desse bolo de um chocolate amargo, que não me apraz, e sussurro pro vento: "leva pra longe e afasta de mim essa lembrança que tanto causa dor".
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