segunda-feira, janeiro 20, 2020

Sobre os Grandes Sertões de nossos dias


Guimarães Rosa dizia que "o correr da vida embrulha tudo"... faz um fuzuê dentro do peito, mexe nos caminhos que tínhamos planejado seguir. E o que era pra ser pra sempre torna-se um breve instante. Uma efêmera conjugação verbal... um mero ser agora, nesse exato momento: é absolutamente tudo o que temos. E mesmo contra nossos impulsos "esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta" numa constante não linear que só o Acaso sabe definir. Uma progressão matemática cujo fator desconhecemos. E pra quê saber? Tem graça saber? Se a graça está em dar o passo pra depois ver o chão. Ousar!
Porquê "o que ela quer da gente é coragem", a vida quer o esforço, quer o suor no trabalho, quer o suspiro da audácia. Sem coragem, somos verbos sem ação. Verbos mortos... e o Verbo não pode morrer. Ir é simples... "eu vou!" é o pulo. Se pôr em movimento faz crescer.
Pra que na busca, sejamos felizes... "ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria", ser abundante, transbordar e criar memórias que nos façam gargalhar ao recordar "e ainda mais alegre na tristeza" para ter certeza de que isso também vai passar. Porque na efemeridade do que somos, nossos sentimentos são passageiros: mesmo nossas mais intensas alegrias passarão.