terça-feira, março 24, 2020

Sobre como eu escolhi viver o amor

Eu vivi pulando de ilusão em ilusão, indo de um perfil de amor para outro, a procura de algo que eu nunca soube o que era. 
Eu sentia um vazio, uma necessidade de presença que eu nem permitia que fosse satisfeita. Ao menor sinal de bom relacionamento, já boicotava todo e qualquer contato como forma de me proteger.
De quê? 
Eu tive medo de amar. Porquê em muitos momentos, amar doeu demais. Exigiu demais, demandou emergia demais. E, vocês sabem, eu tenho um "quê" de preguiça pra tudo que demanda mais energia do que estou disposta a oferecer. 
É isso... eu não me dispus à entrega. Nunca fui chegada a decisões... e amar é decidir, cada dia, enfrentar pequenas batalhas pra permanecer. Sou volátil. Preciso renovar minhas questões e necessidades, preciso evoluir, preciso mudar... ninguém muda tão rápido assim. 
Enfrentei dificuldades para encontrar quem se dispusesse à um amor tão louco, mutável e divertido. E ao ver tanta dificuldade, simplesmente parei de procurar. 
Estagnei. Estranhei por quanto tempo eu não senti falta de ninguém... cronologicamente, tudo ficou muito relativo. E eu parei de fazer questão.
Adoeci. Por medo, frustração, desânimo, falta de amor próprio, distúrbios de imagem, ansiedade, fadiga. Mantive minha mente em cativeiro de um corpo que recusava toda e qualquer tentativa de contato físico. Repulsivo. Desagradável. 
Reconstruí uma autoestima, pedacinho por pedacinho, baseada numa nova imagem e numa nova mentalidade. Encontrei fatos novos sobre mim, conhecimentos e desejos. Eu aceitei minhas questões, aprendi com elas e me abri.
Alcei vôos no meu próprio inconsciente. Me conheci, me quis e me propus a ser melhor pra mim. 
E quando eu quis ser melhor pra mim, ansiei por alguém, pra poder dividir o sentimento que só é real quando compartilhado. Quis dividir meu riso, meu choro, minhas conquistas e meus anseios. Eu quis, depois de tempos recluso, botar meu coração pra jogo. 

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